sábado, 10 de setembro de 2016


As minhas memórias das "Torres Gémeas"




Passam hoje quinze anos sobre o ataque às "Torres Gémeas", bem no coração financeiro de Nova York, acontecimento que marcou de forma indelével o início do Século XXI. A sucessão de eventos trágicos que se seguiram de forma descontrolada e que parece bem longe de terminar, talvez venha a ser percepcionada pelos historiadores do futuro como a "Terceira Guerra Mundial"...

Nessa manhã de 11 de Setembro de 2001 dirigia ainda o projecto arqueológico do Alqueva e estava já no meu escritório de Mourão, na margem esquerda do Guadiana, quando recebi uma chamada telefónica do arqueólogo Victor Gonçalves, professor da Faculdade de Letras de Lisboa e coordenador de dois projectos de salvamento arqueológico do Alqueva (escavação das antas e povoados neolíticos do território de Monsaraz afectados pelo projecto). Mas, inesperadamente, não era de trabalho a chamada que me fazia a partir da casa que alugara em Reguengos para base do projecto. Com a voz muito alterada e relatando factos que não pareciam fazer qualquer sentido ("Nova York está a ser bombardeada, começou a III Guerra Mundial..".) face à minha natural incredulidade acabou por sugerir que procurasse uma televisão. Mesmo conhecendo há muitos anos o Victor (ele fora meu professor em Letras, ainda antes do 25 de Abril) não mantínhamos uma relação tão próxima que explicasse brincadeiras ou justificasse partidas de gosto duvidoso, pelo que, pressentindo que algo grave se passava, procurei uma televisão numa tasca próxima. A casa estava vazia (apenas a impávida proprietária encostada ao balcão, tão sujo como sempre) mas a televisão, como era habitual, estava acesa, transmitindo em directo de Nova York e, embora só mais tarde racionalizasse o que estava de facto a acontecer, ainda vi o choque do segundo avião (julgo que em directo mas não tenho a certeza, face ao estapafúrdio compreensível dos comentadores de serviço) contra uma das "torres gémeas", local onde estivera uma década antes.

De facto, em finais de Fevereiro de 1991, estive um fim de semana em Nova York, sozinho, tirando partido de uma escala a caminho de Los Angeles, onde iria participar num curso do prestigiado "Getty Conservation Institut", sobre preservação e gestão de sítios de arte rupestre. Apesar da curta estadia em Nova York, conservo da cidade excelentes impressões e também uma pequena colecção de fotos e "slides" de que aqui deixo hoje uma curta selecção. Nas minhas deambulações por Manhattan, passei pelo World Trade Center, atraído pela omnipresente monumentalidade das "Torres Gémeas", os edifícios mais altos da cidade mas acabei por não subir a nenhuma delas, pois já antes tinha estado no cimo do mítico "Empire State Building".

Uma década depois, em Fevereiro de 2000, passei de novo em Nova York, desta vez fazendo apenas escala técnica a caminho de um colóquio na Universidade da Flórida. Recordo que no regresso, esperando no Aeroporto Internacional John Kennedy (no modernista terminal TWA), pela ligação para Lisboa, ter vislumbrado no horizonte, a cerca de 20Km de distância, as inconfundíveis linhas verticais das Torres Gémeas, verdadeiro "land mark" de Manhattan, prestes a tornarem-se no trágico símbolo da História do Século XXI, então ainda no seu início.


Particularmente "fotogénicas", a presença das torres gémeas é dominante na minha pequena colecção de fotos de nova York (Fev. de 1991)







A este "arranha céus", sim subi (Empire State Building). Fez-me recordar que em miúdo a minha noção de "arranha-céus" eram os (altos?) prédios do Areeiro, onde passava de autocarro, com o meu pai, a caminho da Praça do Chile...
As "Torres Gémeas", vistas do Empire State Building, já ao entardecer. Um "skieline" irrepetível...

Um "selfie avant la lettre" (um quarto de século mais novo e com a indispensável ajuda de um qualquer turista acidental) no terraço/miradouro do Empire State Building...

A Washington Square, um dos sítios mais simpáticos de Nova York, (com uma escala quase europeia) perto da qual se localiza o pequeno Hotel em que me alojei. È sempre uma emoção rever este espaço compreensivelmente muito presente na filmografia nova-yorkina.

Apesar dos dominantes "arranha-céus", Manathan também tem destes detalhes inesperados.

De Nova York e para além do inconfundível urbanismo, o que mais me impressionou foi a riqueza dos seus dois grandes museus (a National Gallery, na foto e o Museu de História Natural)  e  ainda o passeio pedestre entre ambos através do fantástico Central Park. Ficou-me a pesar na consciência o não ter tido tempo para o Guggenheim original...Fica para uma próxima visita.


A sala dedicada ao Egipto, num anexo especialmente construído para o efeito na National Gallery








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